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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Mithra





"As tribos nômades de cavaleiros que habitavam a Eurásia há 6.000 anos juntavam gado selvagem e o criavam nos pastos naturais. Esses pastores cultuavam um deus-touro, chamado Mitra, símbolo da força, da masculinidade, do poder. A necessidade de pastos novos a cada vez que acabava o antigo fazia deles expansionistas por natureza e, no início da era cristã, eles já tinham se espalhado da Índia, Babilônia a Portugal. Com isso, o culto a Mithra tornou-se muito popular no Império Romano. Para contê-lo, a Igreja adotou sua data sagrada, o dia de Mithra - 25 de dezembro. Estava estabelecido o Natal. Depois, no Concílio de Toledo, em 447, a Igreja publicou a primeira descrição oficial do diabo, a encarnação do mal: um ser imenso e escuro, com chifres na cabeça. Como Mithra."

Esse texto pode insinuar que Mitra seja o próprio demônio, mas não é o caso. Mitra era um deus do bem, criador da luz (por isso mesmo era associado ao Sol), em luta permanente contra a divindade obscura do mal. Seu culto estava associado à crença na existência futura absolutamente espiritual e libertada da matéria. Protetor dos justos, agia como mediador entre a humanidade e o Ser Supremo. Ele encarnou-se para viver entre os homens e enfim morreu para que todos fossem salvos. Os persas o adoravam por influência dos babilônios, os primeiros astrólogos da antiguidade. Seu nome, de raiz indo-européia, significa: "troca", "contrato" e "amizade" (seria daí que surgiu o costume de trocar presentes?). Era o correspondente iraniano do deus sumério Tamuz.

Os Romanos tinham a "Festa da Saturnália" em honra do deus Saturno. Este festival era celebrado entre 17 e 23 de Dezembro. Nos últimos dois dias trocavam-se presentes em honra de Saturno. Já em 25 de Dezembro acontecia a celebração do nascimento do sol invencível (Natalis Solis Invicti). Posteriormente, à medida que as tradições romanas iam sendo suplantadas pelas tradições orientais importadas, os maiores festejos realizavam-se em honra do deus Mitra, cujo nascimento se comemorava a 25 de Dezembro. O culto de Mitra - que se tornou difundido como o deus da luta e o protetor dos soldados - penetrou em Roma no 1º século AC. A data entrou no calendário civil romano em 274, quando o Imperador Aureliano declarou aquele dia o maior feriado em Roma, comparável ao nosso Carnaval. Os adeptos do mitraísmo costumavam se reunir na noite de 24 para 25 de dezembro, a mais longa e mais fria do ano, onde ficavam fazendo oferendas e preces pela volta da luz e do calor do Sol.

Em 313 d.C. Constantino, imperador de Roma, decretou o Édito de Milão, dando liberdade de culto aos cristãos e trocando, dessa forma, a perseguição pela tolerância tão desejada. Segundo uma lenda, antes da batalha de Mexêncio, ele teve uma visão da cruz contra o sol, e uma mensagem que dizia, "com este sinal vencerás". Constantino era adorador do deus Sol. De certa forma, o que temos hoje é justamente isso: a união de Mitra (Sol) e Jesus (Cruz) no Catolicismo.

E é provavelmente por isso que a Igreja Católica adotou Mitra como "padrinho", já que as missas são celebradas no domingo, dia dedicado ao Sol, e aquele chapeuzinho que os papas, cardeais e bispos usam é chamado de Mitra. As "coincidências" não param por aí:

Mitra também nasceu de uma virgem; Pastores, que assistiram ao evento, foram os primeiros que o adoraram; O líder do culto Mitráico era chamado de Papa e ele governava de um "mithraeum" na Colina Vaticano, em Roma; Uma característica iconográfica proeminente no Mitraismo era uma grande chave, necessária para destrancar os portões celestiais pelo qual se acreditava passar as almas dos defuntos; Os Mitraistas consumiam uma comida sagrada (Myazda) que era composta de pão e vinho; Assim como os cristãos, eles celebraram a morte reconciliada de um salvador que ressuscitou em um domingo; Um grande centro principal da filosofia Mitraica ficava em Tarso - Cidade natal de São Paulo - que agora é Sudeste da Turquia.


O acontecimento mais marcante da história de Mitra foi a luta simbólica contra o touro sagrado (o primeiro ser criado por Ahura Mazda) que ele derrotou e sacrificou em prol da humanidade. Todavia, como nos antigos textos persas o próprio Mitra era o touro, esse gesto adquire o dúplice significado de vitória sobre o mundo terreno e de auto-sacrifício da divindade a fim de redimir o gênero humano de seus pecados (assim como Jesus):

Esse touro pastava tranquilo num prado. Mitra precipitou-se sobre o animal, tomou pelos chifres e saem ambos em desabalada carreira, até que o animal, esgotado, caiu de joelhos. Por ordem do deus supremo, que enviou o corvo, seu mensageiro, Mitra enterrou a faca no animal. Da sua medula e do seu sangue germinarão todas as plantas úteis aos mortais, de modo especial o trigo e a vinha. Os animais maléficos enviados por Ahriman, o escorpião, a serpente, a formiga etc., tentam prevenir esses felizes efeitos bebendo o sangue derramado e envenenando a fonte do poder gerador. Mas é em vão. A alma do touro, transportada ao céu, continuará a proteger a vida agrícola. Depois vem a seca e o dilúvio. Mitra, em figura de arqueiro, fere um rochedo e dele jorra água. A seca foi vencida. Prende homens e animais numa arca e estes são salvos do dilúvio. No termo de sua carreira, Mitra abandona a terra num carro de fogo conduzido pelo Sol. Após ciclos sucessivos, Mitra deverá reaparecer na terra para sacrificar, mais uma vez, o touro misterioso, cuja gordura, misturada ao suco da planta Haoma, restituirá a vida, a existência imortal, aos fiéis de Mitra. Do céu, então, cairá fogo devorador e consumirá todos os seres maus, homens e demônios, juntamente com o princípio do Mal, Ahriman (bastante figurado, mas em síntese nada diferente da simbologia cristã).


O nome Mithra (Sol) era visto como o “Deus da Luz”. Os vedas o chamavam de Varuna e os persas de Ahura Mazda.

Mithra (Mitra) is an Indo-Iranian god, worshipped at least as early as 1400BC. In Hinduism he is praised as the binomial Mitra-Varuna. A hymn is also dedicated to him alone in the Rig Veda (3.59). He is the Lord of Heavenly Light, protector of truth, and is invoked when a contract or oath is taken.

Mitra was one of the principal gods of the Aryan (Indo-Iranian) tribes even before they parted company and went their ways into India and Iran. In the Rig Veda, Mitra and Varuna are Ashuras (Lords) and always mentioned together, often as the double or twin god Mitra-Varuna. Mitra, in Persia, stood for contract, therefore for fairness, therefore for justice, therefore for honesty, therefore for truth, therefore for light, therefore for the sun.